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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Alfabetização e Letramento.


Há coincidência quanto ao momento histórico em que práticas sociais de leitura e de escrita emergem distanciadas geograficamente nos países de primeiro mundo a alfabetização não dominava habilidades da leitura e da escrita surgem à questão da aprendizagem básica da escrita a leitura a escrita vinculados com a aprendizagem a partir de um conceito de alfabetização por análise da mídia (censo). Letramento é enraizado com conceito de alfabetização se confundem e se fundem prevalecendo o conceito de letramento. A independência e a interdependência entre alfabetização e letramento são processos paralelos e simultâneos, mas que indiscutivelmente se completam, alguns autores contesta o processo de aprendizagem devido aos estudos psicogenéticos dos anos 80. No aspecto dessa revolução conceitual, encontra-se o desafio dos educadores em face do ensino da língua escrita, ou seja, o alfabetizar letrando.O conceito de letramento é explicado por Britto (2005) como uma literação do termo inglês literacy. Em "Letramento e alfabetização:”, O autor retoma algumas definições do termo letramento, bem como revê a forma como esse conceito foi introduzido nos meios acadêmicos e escolares brasileiros.  Para ele a questão que envolve o conceito de letramento e traz conseqüências para a educação das crianças pequenas diz respeito. “A reconsideração e a ampliação da importância da leitura e da escrita na sociedade urbano-industrial, mais ainda, das formas de participação nessa sociedade e da validação de instrumentos pedagógicos e de avaliação” (Britto, 2005: 9). Salienta que o conceito de alfabetização, que na década de 1980 foi ampliado, deixando de ser considerado apenas como o processo de ensino e aprendizagem do sistema de escrita, com a inclusão do conceito de letramento, voltou a ser visto apenas como aprendizagem e domínio do código escrito.


Há autores que consideram que letramento são as práticas de leitura e escrita: Segundo Kleiman (1995, p. 19): “Podemos definir hoje o letramento como um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos”.  Nessa concepção, letramento são as práticas sociais de leitura e escrita e os eventos em que essas práticas são postas em ação, bem como as conseqüências delas sobre a sociedade.
  A importância do letramento digital. No quadro desse conceito de letramento, o momento atual oferece uma oportunidade extremamente favorável para refiná-lo e torná-lo mais claro e preciso. É que estamos vivendo, hoje, a introdução, na sociedade, de novas e incipientes modalidades de práticas sociais de leitura e de escrita, propiciadas pelas recentes tecnologias de comunicação eletrônica – o computador, a rede (a web), a Internet. Essa mudança da imprensa para o computador não significa o fim do letramento.
  O que será perdido não é propriamente o letramento, mas o letramento da imprensa, porque a tecnologia eletrônica nos oferece um novo tipo de livro e novas maneiras de escrever e de ler. A mudança para o computador tornara a escrita mais flexível, mas também alterará as definições de escrita de boa qualidade e de leitura cuidadosa que foram geradas pela técnica de impressão. O computador está reestruturando nossa atual economia de escrita.
  É, assim, um momento privilegiado para, na ocasião mesma em que essas novas práticas de leitura e de escrita estão sendo introduzido, captar o estado ou condição que estão instituindo: um momento privilegiado para identificar se as práticas de leitura e de escrita digitais, o letramento na cibercultura,  conduzem a um estado ou condição diferente daquele a que conduzem as práticas de leitura e de escrita quirográficas e tipográficas, o letramento na cultura do papel.
  Considerando que letramento designa o estado ou condição em que vivem e interagem indivíduos ou grupos sociais letrados, pode-se supor que as tecnologias de escrita, instrumentos das práticas sociais de leitura e de escrita, desempenham um papel de organização e reorganização desse estado ou condição.
  Lévy (1993) inclui as tecnologias de escrita entre as tecnologias intelectuais, responsáveis por gerar estilos de pensamento diferentes. Esse autor insiste, porém, que as tecnologias intelectuais não determinam, mas condicionam processos cognitivos e discursivos.
  Esse condicionamento tem sido estudado, ora defendido ora contestado, por muitos, em relação aos efeitos sobre culturas orais ou sobre indivíduos não-letrados, da introdução e prática da tecnologia de escrita quirográfica e tipográfica.
  O mesmo começa a ocorrer em relação aos efeitos da introdução e prática da tecnologia de escrita digital sobre culturas de letramento tipográfico entre os autores que vêm desenvolvendo essa reflexão, destacam-se Lévy (1993, 1999) e Chartier (1994, 1998, 2001). Tecnologias tipográficas e digitais de leitura e de escrita. As diferenças entre tecnologias tipográficas e digitais de leitura e de escrita serão consideradas, neste texto, restringindo-se a análise ao uso de ambas essas tecnologias para a escrita de textos informativos ou literários; não se incluirá na análise o uso delas para a interação a distância.
  Assim, discute-se aqui, para confrontá-lo com o texto no papel, o texto na tela – o hipertexto; embora se reconheça que a análise da interação on-line (os chats, o e-mail, as listas de discussão, os fóruns, entre outros) seria elucidativa para melhor compreensão do conceito de letramento, confrontando-se essas modalidades de interação entre as pessoas com as modalidades de interação face-a-face.
  Para a análise das tecnologias tipográficas e digitais de leitura e escrita de textos e hipertextos, são aqui considerados os dois elementos mais relevantes de diferenciação entre elas: o espaço de escrita e os mecanismos de produção, reprodução e difusão da escrita. Também Bolter (1991, p. 21-22) afirma que a escrita no papel, com sua exigência de uma organização hierárquica e disciplinada das idéias, contraria o fluxo natural do pensamento, que se dá por associações, em rede – segundo esse autor, é o hipertexto que veio legitimar o registro desse pensamento por associações, em rede,tornando-o possível ao escritor e ao leitor.
  Já Lévy (1999, p. 157) afirma que a cibercultura traz uma mutação da relação com o saber. Para este autor, “o ciberespaço suporta tecnologias intelectuais que amplificam, exteriorizam e modificam numerosas funções cognitivas humanas”, como a memória, que “se encontra tão objetivada em dispositivos automáticos, tão separada do corpo dos indivíduos ou dos hábitos coletivos que nos perguntamos se a própria noção de memória ainda é pertinente” (Lévy, 1993, p. 118); como a imaginação, que se enriquece com as simulações; como a percepção, que se amplifica com os sensores digitais, as realidades virtuais.
  Chartier (1994, p. 100-101) considera o texto na tela uma revolução do espaço da escrita que alteram fundamentalmente a relação do leitor com o texto, as maneiras de ler, os processos cognitivos:  O letramento digital traz consigo uma série de situações de comunicação nunca vividas antes  da  chegada  das  inovações  tecnológicas  computacionais.  
  A existência de salas de Bate-papo (chat) na Internet para realização de conversas simultâneas por escrito entre duas ou mais pessoas  ao mesmo  tempo  “falando”  a  partir  de  lugares  diferentes  do  planeta  era  um  evento comunicativo impossível até a implementação da grande rede de comunicação.  Também a existência de Fóruns eletrônicos (e-foruns) para discussão de temas gerais de interesse da sociedade, e até mesmo a possibilidade de troca de mensagens curtas e avisos pessoais ou profissionais com tanta praticidade, velocidade e economia como se observa no uso do Correio eletrônico (e-mail), são formas de intercâmbio verbal improváveis sem as condições tecnológicas hoje presentes.
  Embora as práticas sociais de comunicação sejam convenções deduzidas das informações culturais, alguns dos usos e das funções de um tipo de letramento ganham  uma grande importância social, inclusive para a sobrevivência física e política dos seus usuários em uma  sociedade  letrada.  Tais práticas sociais se revelam nas interações humanas que, pela elaboração, formatam textos (falados e escritos) em gêneros discursivos, a fim de executar certas ações no mundo  geralmente  em  consonância  com  as  da  rede  de  relação  coletiva  com outros indivíduos.
  De acordo com Magda Soares (2002), assim como persistem o problema do analfabetismo e o desafio do alfabetismo, o fato é que gradativamente as sociedades grafocêntricas têm assumido um cariz info ou cibercêntrico que as obriga a repensar sua própria dinâmica de existência e, conseqüentemente, seus compromissos sociais.
  Nesse sentido, o letramento digital constitui-se num novo desafio da agenda educacional do século XXI. Letramento digital, isto é, certo estado ou condição que adquirem os que se apropriam da nova tecnologia digital e exercem práticas de leitura e de escrita na tela, diferente do estado ou condição - do letramento - dos que exercem práticas de leitura e de escrita no papel. (SOARES, 2002, p.151) A autora assume que as práticas de leitura e de escrita na tela envolvem certa metamorfose, ao sustentar que o estado ou condição dos letrados digitais difere daquela que envolve os letrados tipográficos.
  Baseada nas pesquisas interdisciplinares sobre o letramento e nas investigações de alguns estudiosos da cibercultura, Magda Soares apresenta como possíveis transformações decorrentes do letramento digital as novas perspectivas de se obter informações, as novas formas de conhecimento e o surgimento de novos processos cognitivos. No entanto, para além da ênfase no equipamento (redes tecnológicas), sua proposta aponta para a importância do letramento (práticas sociais) como um processo complexo que se dá nas tramas pedagógicas que se configuram no cotidiano escolar. Uma vantagem do mundo digital que veio para auxiliar o professor no processo de aprendizagem são os jogos como meio de alfabetização.
  Os jogos propiciam a criança a pensar a exercitar sua capacidade de raciocínio e aprendizagem, trocas, competições etc. A criança pode se expressar através dos jogos, gastar energia, descarregar e aprender. É fundamental a atividade lúdica fornece informações elementares a respeito da criança. Suas emoções a forma como interage com seus pares, seu desempenho físico-motor, seu estágio de desenvolvimento, seu nível lingüístico, sua formação moral.
  Os jogos são adequados para os alunos, é de fácil acesso e entendimento. Foi feita uma aplicação dos jogos separe as silabas, e brincando com as vogais á cinco alunos de algumas escolas Estaduais do estado de MG.
  Hoje com o letramento digital que os alunos gostam muito, pude perceber isso aplicando um dos jogos em alunos da fase inicial de alfabetização. Na Escola Coronel Gaspar (Gasparzinho) o jogo foi de caça palavras do site da Escola games beta, brincando com as vogais e separação de sílabas da turma primeiro ano. A etapa mais difícil para a criança é quando ela tem que colocar as letras no lugar das lacunas e sempre troca as letras por outras, mas com desempenho conseguiu atingir o objetivo. E ao separar as silabas trocava as letras. Já a aluna Gabriela de seis anos de idade, do primeiro ano do ensino fundamental na Escola Bueno Brandão, teve um desenvolvimento surpreendente aos jogos separe as sílabas e brincando com as vogais aplicadas, no computador desempenhou muitos bem todos os objetivos. Não foi observado nenhum tipo de dificuldades com os jogos.
  Através do jogo pude observar o interesse da criança de seis anos, identificando as letras pelo som, gostou das cores dos jogos, associou com outras palavras que conhecia. A cada momento que jogava se interessava mais. É muito importante ressaltar como o computador vem cooperar para o desenvolvimento da criança quando são atividades educativas, pois a criança gosta de interatividade e não de rotina. Os jogos despertaram pra saber mais e conhecer mais os sites e  a partir que vencia cada obstáculo queria mais. Com este jogo a criança parou para raciocinar, observar, pois queria aprender e não errar.  Foi também conhecendo o teclado e identificando as letras como o número, ficou um pouco inseguro, mas depois manuseou corretamente.
  Foi aplicada as atividades em uma criança de oito anos de idade, mas que está no 1º ano do ensino fundamental pois tem um atraso no desenvolvimento psicomotor. Ele ainda não consegue ler, mas reconhece as letras e forma as silaba.
Aplicar esses dois jogos virtuais foi muito interessante, pois ele é fascinado por computador, então ficou maravilhado por apenas estar mexendo no computador.
  Quanto ao desempenho nas atividades, ele teve um pouco de dificuldade nas duas atividades por causa do problema que ele apresenta, na primeira que era para completar com as vogais e ele não teve dificuldades, pois soube identificar os sons finais de cada silaba já na segunda atividade ele teve mais dificuldades, pois ele clicava atrasado e não conseguiu fazer muitos pontos, mas mesmo clicando atrasado conseguia identificar quais eram as vogais.
  Foi muito gratificante, pois ele é uma criança muito carinhosa e recebeu as atividades com muita disposição em fazer, se interessou e gostou muito de “brincar”, como ele disse.

O aluno Vinicius de seis anos do 1º ano  gostou muito dos jogos e ficou muito empolgado durante o tempo que ficou jogando. Podemos constatar que o jogo virtual pode trazer benefícios para o ensino e aprendizagem, sendo ainda uma atração desafiante para crianças nessa etapa, apontando possibilidades de ser um rico instrumento para a construção do conhecimento. Com a análise dos dados observados concluimos que o uso dessa prática pode promover melhoras no aprendizado das crianças e nas suas relações sociais de um modo geral. 
Hoje, não seria possível viver sem computadores ou sistemas informatizados, um bom exemplo disso são os jogos de videogames, que já ocupavam espaço na vida das crianças. Se antes os jogos eram vistos pelos pais como algo nocivo para os seus filhos, hoje, a pedagogia moderna pode demonstrar uma série de maneiras de incluí-los no processo ensino-aprendizagem, transformando o ato de jogar em ato de aprender e ensinar, construindo os objetivos necessários para se alcançar a aprendizagem.
Por ser o letramento um fenômeno recente, apesar do crescimento de estudos e pesquisas na área, poucos dos textos analisados o mencionam e o diferenciam do processo de alfabetização. Do total de textos selecionados, somente quatro o mencionam, sendo estes publicados a partir do final da década de 1990. Defendemos a manutenção dos dois termos - alfabetização e letramento - pois se referem a processos de natureza distinta, envolvem aprendizagens diferenciadas e requerem procedimentos de ensino também diferenciados, apesar da relação de interdependência e de indissociabilidade que há entre eles.
Concluímos que tal distinção é, a nosso ver, condição indispensável para dotar a prática pedagógica de intencionalidade e sistematicidade, inclusive a desenvolvida em instituições de educação.  Falar em alfabetização e letramento dentro da educação e fora dela é um assunto que não se esgotara facilmente, pois a sociedade vem impondo novos padrões de exigência, mesmo diante de novos paradigmas, métodos, teorias psicológicas precisamos nos adaptar ao novo.
Estudos sobre letramento apontam a necessidade de aproximar na educação a teoria e a prática. Indivíduos mesmo incapazes de ler e escrever compreende papeis sociais da escrita distinguem gêneros ou reconhecem as diferenças entre a língua escrita e a oralidade, pessoas alfabetizadas e pouco letradas.
Em uma sociedade, o mais comum é que a alfabetização seja desencadeada por prática de letramento, pois indivíduos com baixo nível de letramento só tenham oportunidade de vivenciar tais práticas no ingresso na escola, com o início de alfabetização.
Ver nossos alunos como seres humanos digno de respeito, valores inserido socialmente e acima de tudo feliz.

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LÁGRIMAS NO SILÊNCIO:


LÁGRIMAS NO SILÊNCIO: O drama das crianças seduzidas e abusadas
Publicado em 4/22/2003
Julio Severo - juliosevero@hotmail.com
Enviado pelo autor

Recentemente, um jornal da Inglaterra noticiou: "Médico de família enfrenta sentença à prisão por ataques sexuais a pacientes menores e adultos. Timothy Healy, de 56 anos, drogava alguns de seus pacientes e então se filmava abusando deles enquanto estavam inconscientes. As vítimas, todas do sexo masculino, não sabiam que haviam sido abusadas até a policia procurá-las no ano passado. Alguns agora estão passando por aconselhamento".

Casos assim revoltam. Tal revolta é completamente justificável, pois abusar sexualmente de um adulto já é um crime horrível, mas praticar a pedofilia é um comportamento que chega aos limites do anormal. Pedofilia significa gostar de crianças, num sentido sexual. Já que um menino ou menina não está física, espiritual e emocionalmente preparado para se relacionar sexualmente, qualquer ato que conduza a criança ao sexo ou ao despertamento sexual constitui agressão ao desenvolvimento infantil. No caso do médico inglês, ele sentia atração homossexual pelos pacientes.

Em algumas situações, os pedófilos nem precisam drogar suas vítimas. As crianças de hoje estão tão expostas e acostumadas à nudez e cenas de sexo na TV que o terreno já está preparado para a aproximação de sedutores. Conversei recentemente com uma menina de 4 anos de idade e perguntei sobre as pessoas de quem ela gostava mais. Além do pai e da mãe, a resposta trouxe uma marca inconfundível do papel da mídia na vida das famílias: a menina me apontou uma artista de novela como seu alvo de admiração. A novela em questão é, em termos bíblicos e seculares, imprópria até para adultos, por seu desrespeito não só aos valores cristãos, mas também por sua agressão aos valores morais mais básicos. Outras meninas que conheço, da mesma idade, assistem à mesma novela e são expostas à sexualidade desenfreada de adultos que ainda não tiveram a oportunidade de ser salvos e transformados.

Expor crianças a cenas de sexo também pode ser considerado abuso, num nível psicológico. Tal abuso, além de prejudicar o desenvolvimento normal da criança, pode abrir um ponto de vantagem para potenciais sedutores, que encontram mais facilidade para se aproximar de crianças acostumadas ao sexo da TV.

Há dois tipos principais de indivíduos que cometem atos sexuais contra crianças. Há os homens, verdadeiros criminosos, que podem pegar qualquer criança desconhecida e violentá-la. E há os casos menos visíveis, onde o crime não é cometido por estranhos, mas por gente da própria família ou amigos íntimos da família.

Se uma menina de 10 anos fosse estuprada ao vir da escola, ela não teria o menor receio de revelar aos pais o que lhe aconteceu. A violência do ato não daria espaço para timidez. Mas as situações em que o estupro ocorre na família deixam a criança confusa e despreparada emocionalmente. Diferente do criminoso desconhecido que usa a força e a violência, o indivíduo que deseja sexualmente uma criança da família recorre a seduções e enganos. A sedução também inclui outros atos sexuais, tais como carícias, assédio sexual e exibicionismo, em que o indivíduo tira toda a roupa na frente da criança ou lhe mostra os órgãos sexuais. Todas essas experiências deixam cicatrizes emocionais que acompanharão a criança pelo resto da vida.

Embora o indivíduo que se aproveita de uma criança da família utilize truques de carinho e afeto para conduzir a criança a uma experiência sexual, é preciso esclarecer que a afeição física normal entre os pais e seus filhos não é errado. Segurar a mão, abraçar e beijar no rosto são gestos de amor normais e indispensáveis numa família saudável. Com tal demonstração de afeto, as crianças conseguem aprender a experimentar o acolhimento e segurança que Deus projetou para a família.

Raramente alguém precisa utilizar a força ou ameaças violentas para se aproveitar de um menino ou menina ou para impedi-los de contar "o segredo". Embora seja inocente, depois de uma experiência de sedução a criança se sente suja, envergonhada e "estranha". Ela não entende o que aconteceu, mas sente que há algo muito errado na situação.

Dor e Segredo dentro da Família

Conheci uma jovem que por muitos anos viveu uma vida de confusão e tragédia em seus relacionamentos pessoais. Ela tinha dificuldade de fazer amizades saudáveis, mas não porque tenha nascido desajustada. Todo problema tem uma causa. Quando tinha 11 anos, seus pais, que eram evangélicos, visitaram parentes e, num dia em que foram passear pela cidade, deixaram a menina com os primos. Os pais da menina relutaram, mas acabaram permitindo que sua filha ficasse na casa, com a convicção certa de que entre parentes nada de mal poderia ocorrer. Lamentavelmente, ocorreu. Os dois primos, mais velhos que ela, colocaram em prática sua curiosidade sexual e envolveram a menina em experiências que desviaram completamente sua rota de uma sexualidade saudável. Os rapazes não eram tarados, mas como diz o ditado: "A ocasião faz o ladrão". A menina não conseguiu reagir com força aos avanços sexuais porque já estava acostumada à nudez. Seus pais, seguindo conselhos de psicólogos, costumavam expor a própria nudez aos filhos, principalmente tomando banho com eles sem roupa alguma.

Sua "iniciação sexual" aos 11 anos a deixou vulnerável e aberta a outros sedutores. Já com 13, ela começou a ser usada sexualmente por homens adultos. Embora tais experiências tenham alterado sua vida para pior, ela nunca revelou aos pais o que aconteceu. O caso dessa jovem representa, de forma real, o drama em que vivem as crianças que são seduzidas por gente da família e depois passam o resto da vida caladas, com seu segredo e dor.

Em geral, as vítimas de abuso sexual dentro da família são meninas de 8 a 12 anos. Nessa idade, a experiência sexual tem conseqüências que duram muitos anos. Em recentes estudos, 70% das presidiárias e 90% das prostitutas afirmaram, em entrevistas numa pesquisa, que haviam sofrido abuso sexual quando eram crianças.

Ainda que as meninas costumem ser o alvo mais comum dos sedutores, os meninos também podem ser vítimas. Uma mãe evangélica foi fazer compras no centro da cidade e deixou seu filho de 8 anos com uma amiga evangélica. Não poderia nem deveria ter ocorrido nada de anormal, pois havia ali uma amizade de confiança. Mas essa amiga tinha um filho maior de 18 anos que levou o menino para passear, seduziu-o e o usou sexualmente. Depois de tal experiência, o menino passou a sentir confusão sexual e vergonha e jamais contou aos pais sobre o abuso sofrido. Uma opressão espiritual começou a pressioná-lo em direção ao homossexualismo. Assim como no caso da menina abusada aos 11 anos, o menino também viveu com seu segredo e dor. Ele só não foi arrastado para um estilo de vida homossexual porque teve um encontro forte com Jesus. Mas a menina passou a viver uma vida de desilusões com o sexo masculino.

A maioria esmagadora dos homens e mulheres que carregam na alma as feridas do abuso sexual cometido por amigos ou familiares são vítimas silenciosas. A vergonha e humilhação são tão grandes que muitas vítimas não conseguem procurar socorro. É importante compreender que a sedução pode ocorrer de diversas maneiras. Mas em geral a criança ou adolescente é seduzido de algum modo para estimular sexualmente outro indivíduo que é adulto ou consideravelmente mais velho do que a vitima ou alguém que tem algum tipo de controle ou autoridade sobre a vítima. O contato sexual envolve toques físicos que estimulam sexualmente o sedutor ou a vítima. Alguns tipos de abuso:

· Contato sexual direto com a vítima, com ou sem força.

· Atos de carícia, toque e manipulação na área sexual ou nos seios.

· Beijar ou tocar partes do corpo da vítima, com ou sem roupa, para criar estímulo sexual.

Outros tipos de abuso não envolvem toques, mas causam marcas psicológicas na vitima:

· O sedutor fica deliberadamente observando uma criança ou adolescente sem roupa.

· O sedutor expõe a vítima a imagens sexuais - fotos de pessoas nuas, literatura ou vídeos pornográficos ou a exibição de seu próprio corpo - para quebrar a resistência da criança e provocar estímulo sexual.

· O sedutor faz comentários insinuando sedução.

O abuso sempre deixa marcas na alma da vítima. Mesmo em situações em que a criança ou adolescente é levado a querer participar de uma atividade sexual, não deixa de ser crime. As conseqüências atingem as emoções e o corpo, que pode experimentar dor e ferimentos no ato do abuso (sem mencionar doenças venéreas), e podem deixar a vítima seriamente vulnerável a vários tipos de opressão espiritual. Crianças seduzidas têm, mais tarde na vida, problemas para estabelecer relacionamentos saudáveis de amizade e casamento.

Riscos & Conseqüências

Os fatores de risco para a criança envolvem a ausência de um pai natural em casa, um pai que foi violentado na infância e falta de supervisão dos pais. No entanto, até mesmo crianças criadas por pais atentos num lar saudável podem se tornar vítimas de um parente, vizinho ou outro adulto em quem a família confia.

Uma das tarefas mais delicadas e desagradáveis dos pais é prevenir os filhos a tomarem muito cuidado com os perigos aí fora na rua. Mas como prevenir a criança de que alguns desses mesmos perigos também ocorrem fora das ruas? Para sua própria proteção, a criança precisa ser ensinada que ela não pode confiar em ninguém, mesmo em adultos conhecidos da família e mesmo em homens de quem ela goste. Alguns pedófilos têm um jeito especial com crianças - eles sabem agradar e brincar com elas e sabem como demonstrar afeição e atenção.

O abuso sexual ocorre em famílias de todos os níveis sociais - não só entre as pessoas pobres que não vão à igreja. Não é fácil identificar uma criança abusada, pois a maioria tem medo e vergonha de revelar o que aconteceu, principalmente quando o pedófilo é alguém de confiança da família. Não é fácil também identificar um pedófilo, pois muitos podem parecer gente importante nos meios sociais e na igreja. Em geral, seus atos de sedução ficam escondidos e nunca chegam ao conhecimento das autoridades e dos pais da vítima.

Pessoas que sofreram sedução na infância carregam em segredo feridas na alma. Elas não têm coragem de revelar seus sofrimentos e lutam contra os traumas secretos que interferem com seu crescimento espiritual e relacionamento com outras pessoas. Muitas vítimas, como conseqüência direta de uma experiência de abuso sexual, passam a experimentar:

· Baixa auto-estima e sentimento de vergonha. O sentimento de que elas também são culpadas do que aconteceu. O sentimento de que há sempre algo errado com suas vidas e de que elas são "menos importantes" do que as outras pessoas.

· Vício de drogas e álcool.

· Problemas sexuais, tais como aversão ao sexo ou desejos incontroláveis de ter sexo.

· Problemas para estabelecer relacionamentos saudáveis com outras pessoas e com o cônjuge.

· Depressão.

· Desordens obsessivas/compulsivas, como comer demais, bulimia ou anorexia.

· Facilidade para fazer amizade e ter relacionamento com indivíduos que tiram proveito sexual.

Muitos acham estranho o fato de uma jovem seduzida na infância ter inclinação para se envolver justamente com "amizades" que se aproveitarão dela sexualmente. Como explicar tal inclinação? John Wimber, ex-professor do Seminário Fuller, comenta:
"Os demônios ganham um ponto de entrada na vida das pessoas através de várias maneiras. Ódio de si mesmo e de outros, vingança, falta de perdão, desejos sexuais descontrolados, pornografia, comportamentos sexuais errados, várias perversões sexuais e abuso de álcool e drogas geralmente abrem a porta para influências demoníacas". Infelizmente, as conseqüências podem não atingir só os sedutores. Wimber diz: "Provavelmente, [os demônios] ganham acesso a meninos e meninas que são vítimas de abuso". Muito embora não tenham culpa alguma da crueldade que sofreram, as vítimas de abuso passam a viver uma vida de mágoa, revolta e desprezo por si mesmas. Demônios podem se aproveitar dessa situação de trauma e começar a exercer influência de opressão e desestruturação. Isso explicaria o motivo por que muitos jovens violentados na infância acabam se envolvendo em prostituição, vários tipos de comportamentos sexuais errados, bruxaria e relacionamentos prejudiciais. Alguns até passam a cometer os próprios abusos que sofreram.

Abuso nas Igrejas

As igrejas evangélicas estão se despertando para os perigos do abuso sexual que ameaçam crianças num lugar que deveria ser o mais seguro: a casa de Deus. Um artigo publicado na revista Charisma revela como pastores, líderes de jovens e obreiros têm se aproveitado de sua posição de confiança para seduzir meninas, meninos e adolescentes.

As vítimas muitas vezes sofrem caladas durante anos, pois elas ficam confusas e não entendem como podem ter sofrido sexualmente num lugar onde elas deveriam apenas ter liberdade para adorar a Deus e experimentar seu amor. É o caso da menina Chrissy de 7 anos de idade, que foi seduzida no dia em que foi batizada. O que deveria ser um dos acontecimentos mais importantes na vida dela ficou marcado também com o sentimento de vergonha, medo e humilhação. Hoje, aos 38 anos, Chrissy é mãe de dois filhos e afirma que sua recuperação espiritual começou quando ela permitiu que o Espírito Santo curasse seu sofrimento emocional.

Outro caso é o de Demise, que tinha 15 anos quando foi abusada pela esposa do líder de jovens de uma Igreja do Evangelho Quadrangular. "Experimentei a plenitude do Espírito Santo e meia hora depois a esposa dele me encurralou dentro da igreja e abusou de mim", disse ela. "Lembro-me de achar que com certeza Deus se manifestaria e a mataria por fazer aquilo num lugar sagrado".

O maior inimigo é o silêncio entre os evangélicos, que preferem não falar muito sobre um assunto tão delicado. Parece mais fácil comentar quando o problema se refere a outras religiões, como os recentes escândalos na Igreja Católica dos EUA.

Um importante estudo revelou que 7 por cento dos filhos de missionários relataram ter sofrido abuso sexual, principalmente quando viviam e estudavam em internatos enquanto seus pais trabalhavam para evangelizar em regiões distantes. O estudo foi preparado por um grupo de importantes organizações missionárias e prova de modo claro que há um problema que muitos evangélicos não querem enfrentar. O problema só não foi revelado antes porque as organizações missionárias tinham medo de perder doações e apoio se tivessem de enfrentar manchetes negativas na imprensa. Assim, a solução era negar a possibilidade do problema ou fazer de conta que não existia.

Annette McNeill Keadle tinha 8 anos quando estudava num internato para filhos de missionários. Ela relatou ter sido violentada pelo homem adulto que estava ali para cuidar dela enquanto ela estava longe dos pais. Quando houve a revelação do crime, o homem confessou o estupro, mas teve permissão de continuar trabalhando na escola até o final do ano. Depois, foi despedido, mas o caso não foi levado às autoridades. Outra vítima, Marcia MacLeod, afirmou que o fato de que o internato não quis entregar o pedófilo à polícia a fez se sentir inútil, pois a falta de punição estava demonstrando falta de preocupação e interesse no seu bem-estar.

O aspecto positivo é que, percebendo a gravidade do problema, muitas igrejas americanas estão agora adotando medidas para impedir situações em que um adulto, até mesmo um líder ou pastor, possa ter facilidade ou tentação para abusar de crianças ou adolescentes. O fato é que todas as igrejas deveriam se mobilizar para estabelecer padrões mínimos de prevenção para evitar esse tipo de problema.

Comum entre Gays

Com o aumento do homossexualismo hoje, os casos de meninos violentados estão aumentando. Segundo o noticiário WorldNetDaily (www.wnd.com), o abuso sexual contra crianças é mais comum entre os homossexuais. A Drª Judith Reisman, pesquisadora e sexóloga, afirma que os homossexuais
"abusam sexualmente de menininhos com uma incidência que está ocorrendo cinco vezes mais do que o abuso contra as meninas..."

O Journal of Homosexuality (Jornal da Homossexualidade) publicou uma edição especial intitulada "Intimidade Intergeração Masculina", contendo muitos artigos apresentando o sexo entre homens e meninos como relacionamentos amorosos. Um dos artigos dizia que os pais deveriam ver os pedófilos que amam seus filhos
"não como rivais ou competidores, não como indivíduos que querem lhes roubar uma propriedade, mas como parceiros na criação do menino, alguém que deve ser bem recebido no lar".

Embora não sejam raros, os casos em que meninos são seduzidos e estuprados por homossexuais são difíceis de identificar quando são noticiados, pois a imprensa quase sempre evita mencionar que o sedutor é gay (como na notícia do médico inglês no início deste artigo), até mesmo quando a realidade é inegável. Algum tempo atrás, um pediatra brasileiro abusou de vários adolescentes do sexo masculino, porém os noticiários tiveram todo cuidado de não mencionar a palavra homossexual. Na cultura politicamente correta de hoje, a norma é não só valorizar o comportamento gay, mas também protegê-lo de verdades prejudiciais à sua aceitação e expansão.

Sinais de Abuso

É fácil ignorar os sinais de que algo pode não estar bem numa criança ou adolescente, mas ignorar a realidade não vai ajudar quem foi prejudicado. Não há a necessidade de suspeitar de tudo e de todos, mas é preciso que sejamos sensíveis e alerta com relação a uma criança ou adolescente em necessidade, pois o problema é tão silencioso que nossa ação pode representar o único modo de a vítima ser liberta e escapar da ameaça de continuar sendo abusada. Cada situação é diferente, mas há indícios que revelam que uma criança pode estar passando por um problema.

· A criança fala ou mostra conhecer coisas de sexo que não é natural para sua idade ou então expressa afeição de um modo que não é normal para uma criança. Se uma criança é pega ensinando outras crianças brincadeiras relacionadas a sexo, ela pode estar apenas repetindo o que ela mesma viveu em alguma situação.

· Depressão, inclusive idéias de suicídio.

· Extrema timidez.

· Problemas para dormir, inclusive pesadelos, que ocorrem com mais freqüência do que seria normal.

· Mudanças repentinas e extremas de comportamento, tais como perda de apetite, isolamento social, problemas nos estudos na escola e medo de adultos, principalmente quando a criança não gosta de ir a determinado lugar ou passar tempo com determinada pessoa.

· Medo de ficar só.

· Queixas físicas, tais como dores abdominais ou dores de cabeça.

· Roupas de baixo com rasgos ou manchas. Sangramento, arranhões ou inchação dos órgãos genitais ou boca. Freqüente corrimento vaginal ou dor ao urinar. Embora esse problema não indique uma menina foi abusada, pode ocorrer depois de um abuso.

Além disso, preste atenção se você nota alguém mostrando afeição de um modo quase sexual para uma criança ou fazendo comentários e elogios sobre o corpo da criança que não parecem normais.

Nossa Responsabilidade

Se você sabe ou suspeita de um caso de abuso sexual na sua família ou outro lugar, você precisa agir! Você tem a responsabilidade de levar o caso às autoridades: "Não participem das coisas sem valor que os outros fazem, coisas que pertencem à escuridão. Pelo contrário, tragam todas essas coisas para a luz". (Efésios 5:11 BLH) Se uma criança lhe contou que foi abusada, é muito importante que você ofereça apoio, amor e segurança. Em primeiro lugar, acredite no que a criança disse. As crianças quase nunca mentem sobre essas coisas. Mas tome cuidado com sua reação, pois a criança poderá pensar que sua revolta e choque são contra ela. Diga a ela que ela não fez nada de errado e que você está contente que ela lhe tenha revelado o segredo. Depois de tudo, procure assistência imediatamente.

Mesmo quando a criança se dispõe a falar, às vezes os pais não acreditam no que ela conta ou então fazem pouco caso dos efeitos na vida dela. Muitas vezes, a exatidão do testemunho da criança é colocada em dúvida. Mas é quase impossível uma criança inventar cenários sexuais sobre os quais ela deveria saber muito pouco ou nada, a não ser que ela tenha vivido uma experiência. O normal é a criança negar o que aconteceu. A sedução sexual envolve tanta vergonha para a criança que, mesmo quando há sinais físicos de abuso, ela poderá negar que houve um abuso.

Os pais devem ser fortes o suficiente para prestar muita atenção no que seus filhos dizem, enfrentar o fato de que pode ter ocorrido um abuso e então apoiar a criança ou adolescente e ajudá-la a atravessar a situação. Será necessário levar a vítima para ser examinada e é recomendável que ela receba aconselhamento e acompanhamento emocional e espiritual adequado para ser curada dos traumas. Esse acompanhamento poderá durar anos.

È de importância vital manter a criança longe do sedutor. É necessário também levar o caso à justiça. Talvez os pais tenham dificuldade de fazer a criança passar pelo trauma de ser interrogada pela polícia, dar testemunho diante de um juiz, etc., principalmente quando o sedutor era alguém de confiança da família. Mas é muito importante que se mostre para a criança que o abuso não vai ser tratado com pouco caso.

Se o caso não for denunciado, há o sério perigo de que o sedutor venha a fazer outras vítimas. Se você não sabe o que fazer, procure alguém da justiça e peça orientação.

É Melhor Prevenir do que Remediar

O que se pode aprender com tudo o que foi apresentado e dito é que as crianças, até mesmo filhos adolescentes, não deveriam ser deixados sem supervisão direta. Os pais têm a responsabilidade de proteger os filhos não só dos perigos mais óbvios, mas devem estar sempre presentes para que os filhos não caiam em armadilhas inesperadas. As surpresas, agradáveis e desagradáveis, sempre podem ocorrer e a única coisa que os pais podem fazer para se prevenir é estar sempre por perto e vigilantes. Uma professora certa vez contou o segredo que uma aluna lhe revelou. A menina tinha o costume de fazer lição de casa com um coleguinha, que tinha a mesma idade dela: 11 anos. Os pais tinham tanta confiança nela e nele que um dia precisaram sair apenas um pouco. Esse "pouco" foi suficiente para acontecer o ato sexual, e a menina se abriu para a professora querendo entender o que havia acontecido… Os pais nunca vieram a conhecer o segredo da própria filha.

É claro que os pais evangélicos conscienciosos oram e entregam os filhos aos cuidados de Deus. Essa é a atitude correta. Mas é preciso estar mais presente na vida dos filhos. O Dr. James Dobson aconselha:
"Não acho que seja uma boa idéia deixar seus filhos de ambos os sexos aos cuidados de rapazes adolescentes. Eu também não permitiria que meu filho adolescente cuidasse de alguma criança. Por que não? Porque há tanta coisa ocorrendo sexualmente dentro dos adolescentes do sexo masculino. É uma preocupação que invade todo aspecto da vida. O impulso sexual nos meninos está no auge da vida entre a idade de 16 e 18. Sob essa influência, crianças já foram gravemente prejudicadas por 'bons meninos' que não tinham intenção alguma de fazer mal, mas que foram levados pela curiosidade a experimentar e explorar. Estou certo de que muitos dos meus leitores discordarão dessa posição e poderão até se sentir chocados. Na vasta maioria dos casos, seria seguro ignorar meu aviso. Mas eu simplesmente não daria chance alguma durante os anos vulneráveis. Os riscos são grandes demais. Tenho conversado com um número muito grande de pais que lamentaram confiar em alguém que eles achavam que era de confiança. Faço essa recomendação sabendo que confundirá e talvez até revoltará alguns de vocês. É simplesmente minha opinião baseada em incidentes infelizes que tenho testemunhado através dos anos".

Como Proteger seus Filhos

A chave para proteger seus filhos é se comunicar com eles de modo aberto e sincero em todas as áreas - não só na área sexual. É importante que seus filhos saibam que eles podem vir conversar com você sobre qualquer coisa. Passe tempo diariamente com eles para descobrir como eles estão indo e como estão se sentindo - e deixe-os falar enquanto você presta atenção.

É melhor quando as crianças aprendem sobre a vida de um modo natural, tranqüilo e que agrade a Deus - ensinando-se o que é adequado de acordo com a idade delas. Seus filhos vão aprender sobre sexo de alguém. Busque a sabedoria de Deus, mas em geral, se a criança já começa a fazer perguntas, é hora de orientá-la de um modo que ela entenda. Treinar a criança a sempre obedecer a todos os adultos pode ser muito perigoso. Seus filhos precisam ser ensinados que se um adulto lhes pedir para fazer algo que eles acham errado, eles devem dizer "não" e procurar os pais. Assim, pode ser prejudicial, por exemplo, forçar uma criança a abraçar ou beijar um tio ou outro adulto quando ela não quer. Lembre-se: quase todos os casos de sedução são cometidos por adultos amigos de confiança da família.

Ensine seus filhos que se alguém lhes disser "Não diga para ninguém", "A mamãe via ficar furiosa se souber" ou "É um segredo", eles devem procurar você imediatamente. Ensine que você vai ficar contente quando eles lhe revelarem situações desse tipo e não se esqueça de realmente demonstrar sua alegria quando eles lhe procurarem.

Uma idéia muito boa é você conversar com seus filhos sobre "toques bons", "toques maus" e "toques que confundem". Você pode simplesmente explicar: "Toques bons fazem você se sentir bem, como um abraço da mamãe ou segurar a mão do papai. Os toques maus fazem você se sentir mal. Toques que confundem podem parecer bons no começo, mas depois fazem você se sentir mal ou estranho por dentro, como se você estivesse sentado no colo de um homem e ele começasse a tocar em você em lugares de que você não gosta. Ou então no caso de alguém que pede que você lhe toque numa parte do corpo que assusta você".

Converse com seus filhos calmamente sobre essas coisas. Ensine-lhes que eles sempre devem dizer NÃO e procurar você imediatamente. Uma criança precisa aprender dos pais que Deus criou o corpo dela e que o corpo dela é belo. Mas Deus deu o corpo dela para ela, e ela deve ser ensinada a não deixar ninguém tocar em seu corpo de um modo que a faça se sentir estranha ou com medo ou a faça sentir algo ruim.

Ajuda para Você
Para você que sofreu abuso, um dos primeiros passos para sua cura e recuperação é quebrar o silêncio sobre os "segredos" que você está guardando. É claro que você deve revelá-los a pessoas compreensivas e de confiança. Você experimentará crescimento e libertação do sentimento de vergonha se compreender a importância de procurar o apoio de um pastor ou líder de confiança que possa ajudar.

Bibliografia:

Baby & Child Care (Focus on the Family: Colorado Springs, CO 1997),

Incest: The Family Secret (Last Days Ministries: Lindale, TX, 1985).

For those who have been abused (Healing Hearts [folheto americano sem endereço e sem data, disponivel com o autor]).