A partir da LDB 9.394/96, principalmente com as
difusões das idéias de Piaget, Vygotsky e Wallon, numa perspectiva
sócio-histórica, essas teorias buscam uma aproximação com modernas correntes do
ensino da língua que consideram a linguagem como forma de atuação sobre o homem
e o mundo, ou seja, como processo de interação verbal, que constitui a sua
realidade fundamental.
A partir da Reforma do Ensino, com a Lei 5.692/71,
que implantou a escola tecnicista no Brasil, preponderaram as influências do
estruturalismo lingüístico e a concepção de linguagem como instrumento de
comunicação. A língua Como diz TRAVAGLIA
(1998) – é vista como um código, ou seja, um conjunto de signos que se combinam
segundo regras e que é capaz de transmitir uma mensagem, informações de um
emissor a um receptor. Portanto, para os estruturalistas, saber a língua é,
sobretudo, dominar o código.
“Assim, como
afirma Libâneo, aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto
é, da situação real vivida pelo educando, e só tem sentido se resulta de uma
aproximação crítica dessa realidade.
Assim, para Paulo Freire, no contexto da luta de
classes, o saber mais importante para o oprimido é a descoberta da sua situação
de oprimido, a condição para se libertar da exploração política e econômica,
através da elaboração da consciência crítica passo a passo com sua organização
de classe. Por isso, a pedagogia libertadora ultrapassa os limites da
pedagogia, situando-se também no campo da economia, da política e das ciências
sociais, conforme Gadotti. Como pressuposto de aprendizagem, a força motivadora
deve decorrer da codificação de uma situação-problema que será analisada
criticamente, envolvendo o exercício da abstração, pelo qual se procura
alcançar, por meio de representações da realidade concreta, a razão de ser dos
fatos.
Assim, predomina, nessa tendência tradicional, o
ensino da gramática pela gramática, com ênfase nos exercícios repetitivos e de
recapitulação da matéria, exigindo uma atitude receptiva e mecânica do aluno. Os
conteúdos são organizados pelo professor, numa seqüência lógica, e a avaliação
é realizada através de provas escritas e exercícios de casa. Segundo Pessi
Como pressupostos de aprendizagem, aprender se
torna uma atividade de descoberta, é uma auto-aprendizagem, sendo o ambiente
apenas um meio estimulador. Só é retido aquilo que se incorpora à atividade do
aluno, através da descoberta pessoal; o que é incorporado passa a compor a
estrutura cognitiva para ser empregado em novas situações. É a tomada de
consciência, segundo Piaget.
Conforme Libâneo, a tendência progressista
crítico-social dos conteúdos, diferentemente da libertadora e libertária,
acentua a primazia dos conteúdos no seu confronto com as realidades sociais. A
atuação da escola consiste na preparação do aluno para o mundo adulto e suas
contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por meio da aquisição de
conteúdos e da socialização, para uma participação organizada e ativa na
democratização da sociedade.
Conforme MATUI (1988), a escola tecnicista, baseada
na teoria de aprendizagem S-R, vê o aluno como depositário passivo dos
conhecimentos, que devem ser acumulados na mente através de associações.
De acordo com esse quadro teórico de José Carlos
Libâneo, deduz-se que as tendências pedagógicas liberais, ou seja, a
tradicional, a renovada e a tecnicista, por se declararem neutras, nunca
assumiu compromisso com as transformações da sociedade, embora, na prática,
procurassem legitimar a ordem econômica e social do sistema capitalista. No
ensino da língua, predominaram os métodos de base ora empirista, ora inatista,
com ensino da gramática tradicional, ou sob algumas as influências teóricas do
estruturalismo e do gerativismo, a partir da Lei 5.692/71, da Reforma do
Ensino.
É a partir desses conhecimentos que podemos propor
mudanças que propiciem o desenvolvimento do fazer, representar e exprimir. Por
isso, o professor deve estar por dentro das teorias e tendências pedagógicas ao
problematizar suas questões do cotidiano e ao pensar sua prática, sem, contudo
estar firmemente preso a uma delas. Deve, antes de tudo procurar o melhor de
cada uma, seguindo uma aplicação cuidadosa que permita avaliar sua eficiência.
Devemos ressaltar que as teorias são importantes, mas cabe ao professor construir
sua prática embasada nelas, elas são elementos norteadores e não
"receitas" prontas. Vemos que na prática escolar os condicionantes
sócio-políticos exercem forte ascendência sobre as tendências pedagógicas, que
foram classificadas em: Liberais e Marcou a Educação no Brasil nos últimos 50
anos, mostrando-se ora conservadora, ora renovada.
Já as tendências pedagógicas progressistas, em
oposição às liberais, têm em comum a análise crítica do sistema capitalista. De
base empirista (Paulo Freire se proclamava um deles) e marxista (com as idéias
de Gramsci), essas tendências, no ensino da língua, valorizam o texto produzido
pelo aluno, a partir do seu conhecimento de mundo, assim como a possibilidade
de negociação de sentido na leitura.
Justifica-se, também, este trabalho pelo fato de
que novos avanços no campo da Psicologia da Aprendizagem, bem como a
revalorização das idéias de psicólogos interacionistas, como Piaget, Vygotsky e
Wallon, e a autonomia da escola na construção de sua Proposta Pedagógica, a partir
da LDB 9.394/96, exigem uma atualização constante do professor. Através do
conhecimento dessas tendências pedagógicas e dos seus pressupostos de
aprendizagem, o professor terá condições de avaliar os fundamentos teóricos
empregados na sua prática em sala de aula. No aspecto teórico-prático, ou seja,
nas manifestações na prática escolar das diversas tendências educacionais, será
dada ênfase ao ensino da Língua Portuguesa, considerando-se as diferentes
concepções de linguagem que perpassam esses períodos do pensamento pedagógico
brasileiro.
No ensino da língua portuguesa, parte-se da
concepção que considera a linguagem como expressão do pensamento. Os seguidores
dessa corrente lingüística, em razão disso, preocupam-se com a organização
lógica do pensamento, o que presume a necessidade de regras do bem falar e do
bem escrever. Segundo essa concepção de linguagem, a Gramática Tradicional ou
Normativa se constitui no núcleo dessa visão do ensino da língua, pois vê nessa
gramática uma perspectiva de normatização lingüística, tomando como modelo de
norma culta as obras dos nossos grandes escritores clássicos. Portanto, saber
gramática, teoria gramatical, é a garantia de se chegar ao domínio da língua
oral ou escrita.
Na visão da pedagogia dos conteúdos, admite-se o
princípio da aprendizagem significativa, partindo do que o aluno já sabe. A
transferência da aprendizagem só se realiza no momento da síntese, isto é,
quando o aluno supera sua visão parcial e confusa e adquire uma visão mais
clara e unificadora.
Pedagogia Histórico-Crítica: Surge no fim dos anos
1970, em contraposição à escola que reproduz o sistema e as desigualdades
sociais. Dê ênfase às relações interpessoais e ao crescimento que delas
resulta, centrado no desenvolvimento da personalidade do indivíduo, em seus
processos de construção e organização pessoal da realidade e em sua capacidade
de atuar como uma pessoa integrada.
.Pedagogia Renovada: É a chamada Pedagogia Nova,
conhecida como movimento do Escolanovismo ou Escola Nova, origina-se na Europa
e Estados Unidos, no final do século XIX, influenciando o Brasil por volta dos
anos 1930. Baseia-se pelo conhecimento próprio do aluno.
Pedagogia Tecnicista: Determinada pela crescente
industrialização, quando a Pedagogia do Escolanovismo não responde às questões
referentes ao preparo de profissionais. Desenvolveu-se na Segunda metade do
século XX nos Estados Unidos e no Brasil de 1960 a 1979. A escola liberal
tecnicista atua no aperfeiçoamento da
ordem social vigente (o sistema capitalista), articulando-se diretamente com o
sistema produtivo; para tanto, emprega a ciência da mudança de comportamento,
ou seja, a tecnologia comportamental. Seu interesse principal é, portanto,
produzir indivíduos “competentes” para o mercado de trabalho, não se preocupando
com as mudanças sociais.
Pedagogia Tradicional: O papel da escola é para o
preparo intelectual, Iniciou-se no século XIX e domina grande parte do século
XX, sendo ainda hoje utilizada. Inclui tendências e manifestações diversas.
Segundo esse quadro teórico, a tendência liberal tradicional se caracteriza por
acentuar o ensino humanístico, de cultura geral. De acordo com essa escola
tradicional, o aluno é educado para atingir sua plena realização através de seu
próprio esforço. Sendo assim, as diferenças de classe social não são
consideradas e toda a prática escolar não tem nenhuma relação com o cotidiano
do aluno.
Pedagogia Libertadora: Parte de uma análise crítica
das realidades sociais, sustentando as finalidades sócio-políticas da educação.
Iniciou-se nos anos 1960. As tendências progressistas libertadoras e
libertárias têm, em comum, a defesa da autogestão pedagógica e o
antiautoritarismo. A escola libertadora, também conhecida como a pedagogia de
Paulo Freire, vincula a educação à luta e organização de classe do oprimido.
Segundo GADOTTI (1988), Paulo Freire não considera o papel informativo, o ato
de conhecimento na relação educativa, mas insiste que o conhecimento não é
suficiente se, ao lado e junto deste, não se elabora uma nova teoria do conhecimento
e se os oprimidos não podem adquirir uma nova estrutura do conhecimento que
lhes permita reelaborar e reordenar seus próprios conhecimentos e apropriar-se
de outros.
A Pedagogia
Progressista não tem como institucionalizar-se numa sociedade capitalista, por
isso se constitui num instrumento de luta dos professores ao lado de outras
práticas sociais.
Pedagogia Libertária. Procura a independência
teórico-metodológico. Dá maior ênfase às experiências se autogestão, à prática
da não diretividade e à autonomia.Quanto aos pressupostos de aprendizagem, a
idéia de que o ensino consiste em repassar os conhecimentos para o espírito da
criança é acompanhada de outra: a de que a capacidade de assimilação da criança
é idêntica à do adulto, sem levar em conta as características próprias de cada
idade. A criança é vista, assim, como
um adulto em miniatura, apenas menos desenvolvida.
Pedagogia liberal
renovadora progressiva. Os conteúdos são estabelecidos a partir da experiência
vivida pelos alunos frente a soluções de problemas.
Sabe-se que
a prática escolar está sujeita a condicionantes de ordem sociopolítica que
implicam diferentes concepções de homem e de sociedade e, conseqüentemente,
diferentes pressupostos sobre o papel da escola e da aprendizagem.
Assim, justifica-se
o presente estudo, tendo em vista que o modo como os professores realizam o seu
trabalho na escola tem a ver com esses pressupostos teóricos, explícita ou
implicitamente. Embora se reconheçam as dificuldades do estabelecimento de uma
síntese dessas diferentes tendências pedagógicas, cujas influências se refletem
no ecletismo do ensino atual.
Portanto o conhecimento que o educando
transfere representa uma resposta à situação de opressão a que se chega pelo
processo de compreensão, reflexão e crítica.
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